Nunca gostei de
cheesecake. A antipatia era tanta que nem fazia questão de experimentar. A simples expectativa do sabor agridoce do creme de queijo me embrulhava o estômago, apesar de eu ser superfã do clássico Romeu e Julieta, principalmente se Julieta for da cascão.
Mas para (quase) tudo Freud tem uma explicação: fiquei traumatizada com uma torta de limão que levava ricota na massa, que minha mãe fez com tanto carinho, mas que me dá náuseas só de lembrar.
Desde então, torta doce e queijo havia se tornado uma combinação proibida para mim (no way).
A sorte é que preconceitos existem para serem desfeitos - para quem deixa as portas abertas e não se fecha nos seus muros de pré-conceitos - já que não se pode rotular pessoas e tortas doces de queijo com base em uma experiência ou em uma generalização.
Descobri - graças ao marido, que se apaixonou pela sobremesa - que a ricota é a vilã da história, e que o cream cheese faz delicadas e deliciosas cheesecakes.
A receita é para dois, dois que gostam muito de doce comer tudo na hora ou deixarem a última porção para o outro dia.
Para a massa, esfarele no processador/liquidificador 2/3 pacote de biscoito maisena e misture 1/4 de xícara de chá de margarina. Sugiro misturar a margarina aos poucos até dar a liga (que a massa fique úmida e firme o suficiente para "grudar" na forma sem escorregar). A receita original pedia açúcar mascavo, mas, como não tinha, coloquei uma colher de sopa rasa de chocolate em pó e açúcar refinado. Forre o fundo e as laterais da forma de torta (a minha tem 18 cm) e leve à geladeira.
Junte 2 ovos batidos, 75 g de açúcar (cerca de 1/4 de xícara), 1 embalagem de cream cheese, 1 colher de sopa de suco de limão e 1 colher de café de essência de baunilha. Bata por 20 min na batedeira em velocidade baixa. Eis o creme de queijo.
Coloque o creme de queijo sobre a massa que estava reservada na geladeira - nessa hora, subiram uns pedaços de biscoito, na próxima vou tentar passar o biscoito esfarelado na peneira, para a massa ficar mais compacta - e asse em forno baixo (180 graus) por 40 min, ou até o creme endurecer e ficar levemente dourado por cima.
Para a cobertura, as opções são muitas. Usei uma geleia de frutas vermelhas (foi quase um pote), que derreti no fogo com um bocadinho de água, só para ficar com uma consistência mais molinha.
Espalhe a geleia sobre o creme de queijo (recomendo que nada esteja estupidamente quente) e leve à geladeira. Depois de frio, seja feliz.
O creme fica com um sabor muito suave de queijo e não é extremamente doce. O teor de açúcar da cheesecake depende mais da geleia: para doces suaves, geleia de damasco, laranja; para as formigas, geleia de morango ou goiabada derretida. Mas, definitivamente, é uma sobremesa para os que pegam leve no sabor doce.
Ricota na cheesecake, no way. Pelo menos por enquanto. Mantenho as portas abertas.
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A receita original é de cheesecake de goiabada e rende mais. Como minha forma é pequena, fiz metade da receita. Altamente recomendável experimentar também a receita original.